Uma suspeita de fraude em concursos envolvendo empresas e prefeituras é
investigada em várias cidades do Rio Grande do Sul. A Polícia Civil
realizou uma operação na manhã desta quarta-feira, 6 de junho, em nove endereços
de duas cidades do Norte do estado. Os alvos principais são as sedes de
uma empresa de Constantina e outra de Ronda Alta. Também foram feitas
buscas em uma gráfica e nas casas dos sócios. Foram apreendidos
computadores e centenas de documentos. As empresas que promovem concursos são suspeitas de fraudes na aprovação
de candidatos. Na prefeitura de Novo Barreiro, na Região Noroeste, por
exemplo, o Ministério Público investiga a compra de vagas por até R$ 900
em pelo menos quatro concursos. O dinheiro teria sido descontado na
folha de pagamento dos beneficiados, que já eram funcionários
temporários. "A tática que se identificou em alguns casos, de não se colocar o
candidato predileto, favorito, em primeiro lugar para não chamar a
atenção, mas em uma posição mais abaixo na escala de classificação. Mas
os candidatos que estariam à frente eram meramente figurantes, já foram
aprovados em outros concursos ou estavam destinados a assumir outras
funções públicas", disse o promotor de Justiça de Palmeira das Missões,
Marcos Rauber. Procurados pela reportagem, os sócios das empresas não aceitaram gravar
entrevistas. Só a empresa de Constantina está organizando 23 concursos
em municípios do Norte gaúcho. Mas as suspeitas se espalham por outras
regiões do Rio Grande do Sul. Vereadores de duas cidades na Região
Central abriram CPIs para investigar uma possível troca de favores entre
prefeituras. A sobrinha do prefeito de Formigueiro foi aprovada no
concurso de Nova Palma. Em troca, um filho do prefeito de Nova Palma
teria sido aprovado irregularmente em Formigueiro, onde o concurso,
feito pela mesma empresa, foi suspenso pela Justiça. "Várias pessoas ligadas à administração que passaram nos concursos",
disse o presidente da Câmara de Nova Palma, Jossandro Marion. Os prefeitos das duas cidades envolvidas não quiseram se manifestar.
Outra denúncia é investigada pelo Ministério Público em Coronel Bicaco,
no Noroeste do estado. O prefeito é suspeito de vender os gabaritos para
duas candidatas que fizeram a denúncia depois de serem reprovadas. A
assessoria jurídica da prefeitura negou as acusações.