Num dia 26 de dezembro, de 1941,
nascia em Bossoroca, então distrito de São Luiz Gonzaga, Noel Borges
do Canto Fabrício da Silva – Noel Guarany, cantor missioneiro que marcou
época, sendo, ao lado de Pedro Ortaça, Cenair Maicá e Jayme Caetano
Braun, um dos quatros "Troncos Missioneiros". Sem nunca "baixar o toso",
falou o que pensava e suas composições, de forte apelo social, serviram
de inspiração a grandes nomes de agora, como o artista Luiz Marenco. Noel Guarany era
descendente de italianos e índios guaranis. Na adolescência, aprendeu,
de maneira autodidata, o idioma guarani, bem como a compor, tocar e
cantar. Na década de 1960
percorreu diversos países latino-americanos, onde colheu diversos
ensinamentos que utilizou como subsídio para criação de suas músicas
durante toda a sua futura carreira. No final da década,
apresentou alguns programas radiofônicos nas rádios de Cerro Largo e São
Luiz Gonzaga, bem como nas rádios Gaúcha e Guaíba de Porto Alegre, RS. Em 1970, lançou, em
conjunto com Cenair Maicá, com o qual vinha se apresentando pelo Rio
Grande do Sul e em festivais na Argentina, um compacto simples, com as
músicas Filosofia de Gaudério e Romance do Pala Velho. No ano seguinte, grava o
seu primeiro LP, Legendas Missioneiras, pela gravadora RGE, que traz,
entre outras, parcerias com Jayme Caetano Braun, Glênio Fagundes e
Aureliano de Figueiredo Pinto. Neste disco, além das músicas constantes
do compacto anterior, estão presentes outras pérolas de seu repertório,
como Fandango na Fronteira, Gaudério e Eu e o Rio. Em 1973 sai Destino
Missioneiro, pela gravadora Phonogram/Sinter, no qual repete algumas das
parcerias do disco anterior, bem como traz composições próprias e de
Barbosa Lessa e uma parceria com Aparício Silva Rillo. Neste disco,
estão presentes grandes músicas como Destino Missioneiro e Destino de
Peão. Seu terceiro LP é Sem
Fronteiras, lançado em 1975 pela EMI/Odeon, que está repleto de músicas
que acabaram se tornando clássicos do cancioneiro gaúcho, como Romance
do Pala Velho, Potro Sem Dono (de Paulo Portela Fagundes), Filosofia de
Gaudério, Balseiros do Rio Uruguai (de Barbosa Lessa), Décima do Potro
Baio e Chamarrita sem Fronteira (as duas últimas, temas missioneiros
recolhidos e adaptados por Noel Guarany), entre outras. No ano de 1976, Noel
Guarany grava em parceria com Jayme Caetano Braun, de maneira
independente, o LP Payador, Pampa, Guitarra. Gravado parte na Argentina e
parte em São Paulo, o disco conta com a participação de grandes músicos argentinos. Em 1977 a RGE relança o disco Legendas Missioneiras, de 1971, com o título de Canto da Fronteira. Em 1978 sai o LP Noel
Guarany Canta Aureliano de Figueiredo Pinto, pela RGE, que resgata a
obra e a memória de um dos grandes poetas do regionalismo gaúcho. No ano seguinte, sai o
disco De Pulperias, ainda pela gravadora RGE. Constam deste disco as
músicas En el rancho y la cambicha, Rio de Los Pajaros e Milonga del
peón de campo, de Mario Millan Medina, Anibal Sampayo e Atahualpa
Yupanqui, respectivamente. Em 1980 sai Alma, Garra e
Melodia, em que se destacam as músicas Maneco Queixo de Ferro e Índia
cruda. Neste mesmo ano ocorre o show no Cinema Glória, na cidade de
Santa Maria, que mais tarde, em 2003, viria a se tornar o disco Destino
Missioneiro - Show Inédito. No ano de 1982, é lançado
o LP Para o Que Olha Sem Ver, pela RGE, título que remete à música Para
el que mira sin ver de autoria do cantor e poeta argentino Atahualpa
Yupanqui (presente também na composição Los ejes de mi carreta). Além
das citadas, estão presentes as músicas Boi Preto, Na Baixada do Manduca
e Adeus Morena, músicas de inspiração folclórica. De se destacar,
também, quatro composições de João Sampaio. Neste ponto, Noel
Guarany, já com os primeiros sintomas da doença, começou a afastar-se
dos palcos, e acabou redigindo uma carta aberta à imprensa, na qual
reclama do tratamento recebido pela gravadora. Em 1985 retira-se definitivamente dos palcos, em cumprimento ao prometido na carta de 1983. No ano de 1988, em conjunto com Jorge Guedes e João Máximo, lança o disco A Volta do Missioneiro. Nos próximos 10 anos, o
grande gaúcho, cada vez mais debilitado por uma doença degenerativa no
cérebro, permaneceu recolhido em seu sítio na localidade de Vila Santos,
no município de Santa Maria. Morreu no dia 6 de outubro de 1998, na Casa de Saúde de Santa Maria, tendo sido enterrado em Bossoroca, sua terra natal.
FONTE: blogdoleoribeiro.blogspot.com.br