13 de setembro de 2012

"O MTG NÃO É UMA DITADURA" DIZ PRESIDENTE BERTOLINI

Por achar interessante, compartilho com vocês, amigos leitores do Blog Mais Novidad's, uma entrevista que visualizei na manhã de hoje, rondando pela net. Realizada pelo Diário de Santa Maria com o Presidente do Movimento Tradionalista Gaúcho (MTG).
Diário– Antigamente, as decisões internas do MTG dificilmente vinham a público. Na sua gestão, porém, alguns resultados de congressos têm sido temas de debate para pessoas fora do movimento, como a retirada do critério “beleza” dos concursos Ciranda de Prendas. Como o senhor avalia essa novidade?
Erival Bertolini –
No passado, as pessoas não usavam internet, Facebook, porque não existia isso. Hoje, pessoas que desconhecem o movimento usam essas coisas para criticar o que não conhecem. A Ciranda de Prendas é um concurso cultural, que cobra bibliografia de duas dezenas de livros. As prendinhas viram as noites lendo e dois ou três anos fazendo projetos culturais para participar das regionais e estaduais. No fim do concurso, a diferença de uma para outra era de décimos. Como eu vou dizer para uma prendinha que ela perdeu porque é “mais feia”? Como se mede a beleza? O que temos de ver é a cultura dessa prenda. E outra, não tem prenda feia. (risos)
Diário – Mas a internet também pode ser um instrumento de divulgação e disseminação da cultura?
Bertolini –
Claro. Transmitimos nossos eventos pela internet, na TV Tradição (www.tvtradicao.com.br/site). Nossos eventos, nossas decisões importante, são transmitidas ao vivo. O MTG não é uma ditadura.
Diário – Quem diz que o MTG é ditadura?
Bertolini –
A sociedade está perdendo valores e nós, do movimento, os preservamos. O CTG é considerado “uma ditadura” porque não permite que o guri entre no CTG de tênis! Não temos nada contra eles, nem contra as prendas que querem usar bombacha. Mas elas devem usá-las em rodeios e para desfilar a cavalo. Há uma indumentária para cada atividade e deve ser respeitada.
Diário – O senhor preside também o conselho da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha (CBTG), pouco conhecido fora do movimento tradicionalista. Explique qual é a finalidade do órgão.
Bertolini – O conselho é formado por nove presidentes de MTGs do Brasil. A cada dois anos, fazemos eventos nacionais, entre eles, o Rodeio Crioulo Nacional, disputado por campeões de cada Estado. O Rio Grande do Sul disputa a parte campeira e esportiva, mas não vamos para Ciranda de Prendas nem para competições artísticas.
Diário – Por quê?
Bertolini –
A competição ficaria meio desigual. Nossa Ciranda de Prendas tem um nível altíssimo, e não seria justo para as prendinhas do Amazonas, por exemplo, competirem com as nossas. Digo a mesma coisa das invernadas artísticas campeãs de festivais como o ENART.
Diário – As apresentações de dança estão cada vez mais elaboradas. Isso não se afasta da proposta de simplicidade do movimento tradicionalista?
Bertolini –
Esses shows não acontecem em apresentações, mas em competições. Aí, é aquela coisa: os grupos querem vencer. Isso estimula a criatividade dos instrutores. Mas as danças tradicionais seguem a versão original. É a mesma Cana Verde, o mesmo Pezinho...
Diário – Os desfiles da Semana Farroupilha também estão mais elaborados...
Bertolini –
É verdade. Mas pensa no desfile de 10 anos atrás e analisa os desfiles de hoje. Hoje é muito melhor. Quando eu coordenava a 13ª RT, arrumamos um patrocínio e fizemos uma espécie de competição entre as entidades. O valor da premiação era pequeno, mas ninguém queria ficar para trás. Foi um carro mais bonito que o outro. Hoje não tem mais prêmio em dinheiro, mas tem troféus, e as entidades seguem empenhadas.
Diário – Isso não fomenta a rivalidade entre as entidades?
Bertolini –
Rivalidade, se existir, não é por culpa do desfile. É uma rivalidade quase insignificante.